Garota (insensível) Pendurada

Por Nat Valarini

Adoro provocar, por natureza, sou assim. Para um escritor isso é um trunfo, pois além de tornar, quase sempre, a leitura mais interessante, acende nas pessoas a chama do questionamento. Às vezes, para alcançar o resultado esperado, é preciso de um pouquinho do bom e velho tratamento de choque (técnica que eu aprendi a utilizar muito bem, modéstia à parte).
Certa vez, usei num texto algo relacionado ao mau humor congênito ser um dos causadores de mazelas na vida das pessoas, como os tumores, sendo assim, tachada de indolente, fria, insensível. Lembro que me questionaram:
“- Como pode ser assim tão insensível? Como pode brincar com um assunto tão sério como o câncer? Você não sabe pelo que estas pessoas passam!”.
A mim só restou dar aquela respirada, prender o riso, contar até cinco e responder:
- Eu sei sim. Já fiquei internada, precisei fazer quimioterapia, no entanto eu lutei até quase perder as forças, mas sobrevivi. Justamente pelo fato de ter visto a minha vida por um fio, é que procuro levá-la com bom humor, me divertir com as coisas sérias. Um dia eu ri da cara da morte e garanto que é uma das gargalhadas mais gostosas que se pode dar, pois ela, a dama de negro, achou que ia me levar. No entanto eu estou aqui, conversando contigo e mostrando que uma doença não é o fim, mas pode ser o começo de uma nova postura perante a nossa existência. Acorde para a vida!
Segue o silêncio.

PS.: Antes que pensem que sou um monstrinho movido a humor negro, afirmo: o caso acima é verídico.


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