Por Nat Valarini
Se praia de paulista é o Ibirapuera, o candango tem o seu point urbano também: a avenida W3 (uma das vias mais movimentadas de Brasília). Do nada, em pleno asfalto, pedestres e motoristas contam com uma bela vista repleta de gente bonita em meio a ondas e correntezas. Com as últimas chuvas, os alagamentos roubaram o posto de área de lazer do Lago Paranoá. Agora, os moradores do Distrito Federal não podem reclamar que faltam opções.
Bastam algumas nuvens carregadas, para que os brasilienses e demais habitantes desta ‘ilha’, saquem seus guarda-chuvas e comecem a sapatear, imitando os passinhos de Gene Kelly no clássico ‘Singin' in the Rain’ (‘Cantando na chuva’). Aqui, na realidade, está mais para Dancing in the rain (Dançando na chuva – no mau sentido, please!). Ornamentadas com galochas para driblar a água suja, as pessoas atuam no espetáculo do caos. É a vida imitando a arte só que, com muito menos glamour e muito mais efeitos especiais!
Logicamente, parte do problema é causada pela população sebosa, pois a maioria das bocas de lobo está entupida pelo lixo que é jogado ao chão e arrastado até estes escoadouros, impedindo a passagem da água. A outra culpada pela fúria de Poseidon e sua vingança aquífera, é a administração de Brasília e, por que não dizer, o GDF (Governo do Distrito Federal) que estão devendo, há tempos, uma manutenção decente e a ampliação da rede de águas pluviais das cidades satélites do DF.
Brasília é uma jovem senhora que está prestes a completar seus 49 anos de existência em 21 de Abril de 2009, mas já apresenta problemas de saúde dignos de uma anciã. Esta terra, mais famosa pela seca intensa, com toda a certeza, não passa por enchentes graves se a compararmos a metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro que tem um relevo bem distinto. Entretanto, eu pergunto cá aos meus botões abertos:
- Será que é preciso deixar que o problema evolua de tal maneira que precisemos, num futuro próximo, receber doações como a população desabrigada pela chuva de Santa Catarina?
Exagerada, eu? Nem tanto!
A questão do aguaceiro ainda não foi resolvida, pois, segundo as autoridades, eles estão aguardando o fim das chuvas para tomar as devidas providências. Porém, quando chega a estiagem, nada é feito e a cada ano o problema está se alastrando e alagando o cerrado na época de chuva. O grande lance é se antecipar aos acontecimentos e cessar o problema enquanto ele ainda é ‘uma criança’. Particularmente, gosto de pessoas precavidas. Aquele papo de ‘não vou comprar camisinha porque acho que não vou dar hoje’ é a maior furada. Com relação, principalmente, à força das águas, eu não gostaria de ser pega desprevenida!
O fato é que a estrutura local foi construída para suportar uma demanda de quinhentos mil habitantes, mas já temos dois milhões e quinhentas mil pessoas pela vizinhança; graças, em parte, ao ex-governador, Joaquim Roriz, que em seus mandatos anteriores, saiu distribuindo terrenos desordenadamente, numa manobra eleitoreira. Mas isto já é assunto para outra postagem.
Mudando um pouco de assunto... Senhor governador, José Roberto Arruda, cadê o din-din dos meus impostos? Hum?!
Fotos de Brasília: Marcos Valarini
Dancing in the rain: Sapateia Candangada! by
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