Por Nat Valarini
Tanto no natal quanto em outras datas comemorativas, parte da massa carcerária é beneficiada com a permissão para passar datas festivas com a família. O objetivo, segundo as autoridades, é ajudar o presidiário a se ressocializar. Eles entendem que o contato com parentes é de extrema importância para a reintegração do indivíduo.
Seria bom se os presos que cumprem pena em regime semi-aberto e com bom comportamento (pré requisitos básicos para que o recebimento do beneficio) realmente fossem para casa confraternizar com seus entes queridos, porém, muitos dos que saem, voltam a cometer crimes e boa parte não retorna ao presídio após o prazo de 48 horas, passando a circular livremente entre a população além do tempo que lhes foi permitido.
Por esses e outros motivos sou parcial e afirmo: sou contra o ‘Saidão’ . Esta semana, no centro de Brasília, um policial federal conseguiu chegar até seu veículo antes que fosse roubado por Anderson da Silva Santos, um dos 1043 presos liberados no Distrito Federal. O dono do carro conseguiu balear o bandido, que foi levado ao hospital e preso em seguida. Este caso é mais um exemplo claro de como a triagem dos condenados que podem ou não sair nessa época é mal feita: o criminoso Anderson possui vinte e três inquéritos policiais e já foi condenado oito vezes*. Como é que permitem uma pessoa assim ter direito à liberdade mesmo que por poucas horas?
Não estamos seguros. Durante o ano, nós já sofremos com o aumento monstruoso da criminalidade e um policiamento ineficiente. O caso que citei anteriormente foi uma exceção, pois a vítima é um policial, que possui porte de arma, treinamento necessário para atirar e conseguiu se defender, mas nem todos se esquivam desses bandidos que estão livres e amparados pela lei. O jovem Ronilton de 23 anos, morador de São Sebastião-DF, não teve a mesma sorte: foi assassinado com um tiro na cabeça na véspera de natal por um dos ‘detentos do Saidão’. Esta é uma época de repensar, reavaliar nossas atitudes. Os responsáveis pela liberação dos presos deveriam analisar se o que eles vêm fazendo é certo, quem são as pessoas que eles estão colocando de volta às ruas.
Como fica o restante de nós, a população civil trabalhadora e desarmada? Será que nos últimos dias do ano, se acaso um ladrão, um estuprador ou mesmo um assassino ‘com bom comportamento’ invadir a nossa casa, nós seremos obrigados a oferecer a outra face? Um dia um criminoso como esses, levou a vida de alguém junto com seus sonhos, seu sorriso... tudo através de uma arma e de suas mãos sujas de sangue. Tirou de um cidadão de bem a liberdade e o seu direito de viver com a família, então nada mais justo que o condenado pague por seu crime em regime fechado. Lei por lei, sou a favor de uma máxima da ‘Lei de talião’: Olho por olho, dente por dente.
*Dados da ficha criminal de Anderson foram retirados do Jornal da Globo.
PS.: O próximo saidão está previsto para o dia 31 de dezembro, véspera de Ano Novo.
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