Por
Nat Valarini
Que tema mais delicado, não é mesmo?
Antes de escrever sobre o assunto, pensei muito se deveria fazê-lo tendo em vista todos os comentários que devem vir a seguir: muitos retaliando por serem de opinião contrária, alguns dando apoio e outros em cima do muro (com receio de dar seu ponto de vista e serem mal vistos) por ser um assunto espinhoso sobre o qual muitos preferem não opinar.
Como eu quero mais é que as críticas venham, dou início à discussão sobre o direito mais primordial: o direito à vida.
Antes que os fanáticos pensem que estou do seu lado, deixo claro que para mim esse direito não se resume a simplesmente botar mais uma boca no mundo. Sendo bem parcial, acredito no direito à vida, mas com qualidade. Infelizmente, casais desinformados, pessoas promíscuas e desajustadas, mesmo com tanto acesso à informação ainda se expõem aos riscos do sexo sem proteção adequada e isso, além de aumentar o número de pessoas contaminadas pelos mais variados tipos de
DST’s, jogam no mundo criaturas que não pediram para nascer e, sabe-se lá qual será o futuro delas. A gravidez não planejada ainda possui outro aspecto: a violência sexual, principalmente, a que ocorre dentro do silêncio, protegida pela falta de denúncia. Esta é uma praga geradora de chagas na sociedade e também de crianças sem perspectiva de vida.
Pois bem, quer saber minha opinião: sou a favor do aborto.
Isso mesmo, eu dou todo apoio!
Provavelmente vou ler críticas, principalmente de religiosos, porém as instituições capengas que criticam os métodos anticoncepcionais e também o aborto, não dão comida nem educação aos filhos dos miseráveis. Eu creio em DEUS, mas eu não acredito que Ele queira ver as mães explorando crianças no sinal para pedir esmola. Levando a questão para a responsabilidade dos governantes, tenho a certeza de que uma boa parcela do governo quer mais gente burra, faminta e dependente para votar de quatro em quatro anos, não investindo assim em políticas de educação e saúde para evitar que as famílias se multipliquem como bactérias que se reproduzem por divisão binária.
Pelo contrário, alguns políticos criam mais programas assistencialistas ‘únicas alternativas’ como vale gás, fome zero, bolsa escola, bolsa família, entre tantas outras bolsas que não funcionam como deveriam na prática, ao invés de investir também em educação que abre a cabeça e transforma pessoas, tornando a nação brasileira no país dos
marsupiais (para quem não conhece o termo,
marsupial é um animal que gera seus filhotes em bolsas, como os cangurus e gambás), então nosso povo está como estes bichos, gerando seus filhotes dependendo de bolsas, mas principalmente, dependentes do governo. Coitados!
Sim, cidadão de bem que paga seus impostos, para aqueles que dominam a situação política e econômica neste nosso ‘Brasilzão’, quanto mais infortúnio para o povo, melhor para eles. Deste modo as pessoas tornam-se mais dependentes deles, mais fáceis de serem dominadas. Não se engane com as promessas e favores, eles dão o peixe, mas não ensinam ao pobre a arte de pescar. E para quê? Para que a ‘dona Maria’, o ‘senhor José’ e sua penca de filhos os elejam na esperança de ganhar um teto, que nunca vem, ou se vem, com certeza é longe do caminho onde seus carros importados circulam. Sim, estou sendo dura, mas a vida real não é cor de rosa e a fome não tem uma carinha de bebê caucasiano gordinho e rosado.
Quem tem fome não pode esperar, principalmente, quem tem filhos famintos não consegue aguardar ser ‘presenteado’ com o benefício do Estado. Problemas sociais, como o aumento da criminalidade e o desemprego, caminham na mesma via da taxa de natalidade.
O fato é que casais que têm menos filhos, conseguem se estabilizar financeiramente, têm uma vida profissional mais regrada e, com isso, mais acesso a educação e cultura, podendo oferecer aos seus descendentes, condições iguais ou até melhores oportunidade de vida. Quanto menor o grau de escolaridade e a renda da família, maior o número de seus rebentos o que diminui drasticamente o acesso às necessidades básicas, logo, aquele ditado popular que afirma que "onde come um comem quinze" é pura balela para ludibriar trouxa.
Não tirem conclusões precipitadas achando que eu sou alguém cruel e que não pensa em outras saídas alternativas como a adoção, acho isso louvável. Porém, no Brasil tudo é lento e burocrático (em parte com razão, na maior parte das vezes, desnecessário) e já é sabido que há vários casais tentando adotar, mas que esbarram na lentidão da justiça e novamente afirmo: as crianças não podem esperar!
Mais uma vez, menores de idade são castigados pelo abandono das suas famílias e morosidade dos órgãos responsáveis por lhes dar um novo lar. Mal educados, em todos os sentidos, eles crescem e são despejados no mundo-cão, sem bagagem de vida, sem profissão, às margens dessa sociedade hipócrita que insiste em empurrar pela nossa goela que a vida é semelhante a uma novela.
Deixo claro que não sou a favor da banalização mas sim da legalização do abordo. Sou absolutamente contra a postura de mulheres sem consciência que têm filhos a torto e a direito e que recorram sempre ao aborto ao invés de se prevenir, agir assim, de forma leviana com a própria saúde, é tomar uma atitude burra e impensada. Em todo caso, há
métodos contraceptivos, todos muito eficientes, na falta ou falha dos mesmos, ainda é possível recorrer à
pilula do dia seguinte. Acredito que o aborto deve ser a última alternativa, mas se for preciso, que seja feito e que seja garantido por lei.
Se, para você, meu ponto de vista é amoral, eu esfrego em sua cara que pior do que estas palavras vomitadas é a hipocrisia. Cabe a gestante decidir se deve ou não prosseguir com sua gravidez, não cabe a mim, muito menos a você, pois a decisão sobre o que fazer com o próprio corpo, será sempre da mulher.
Direitos humanos garantem também a liberdade de expressão. Mais que um dilema moral, esta é uma questão pessoal. Deixo para todos uma reflexão: Se o aborto é mesmo um crime, comece a recolher todas as crianças maltratadas, participe ativamente de movimentos em prol da adoção mais rápida, faça uma ‘limpeza’ nas ruas, não dê um peixe em forma de esmola ao pivete do sinal para saciar sua fome só naquele instante. Se você crê tanto em DEUS use a máxima do ensinamento cristão para com o seu próximo: ensine-o a pescar, pois ele comerá não apenas hoje, mas para sempre.
Para saber mais:
O espaço do blog está aberto aos comentários e discussões. Por que você é contra ou a favor? Chegou a estas conclusões por si só ou algum moralista socou estas idéias na sua cabeça?
Quem é a contra ou a favor do aborto diga seus motivos de forma sensata, explane suas idéias e respeite quem discorda. Muitos pais e escolas não ensinam, mas democracia se faz assim!
Como disse Mahatma Gandhi: " A intolerância é em si uma forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro espírito democrático."
Abortar ou parir: Mais que um dilema moral, é uma questão pessoal. by
.
.
.