Com a inclusão digital, facilidades para comprar um computador pessoal e a abertura de lan houses, o acesso a informação e as comunicações tornou-se mais simples.
Seja para ler as notícias de economia ou para conhecer pessoas, o que não falta são opções de sites de relacionamento e salas de bate papo. Além de expandir a rede de amigos, as pessoas fazem contatos profissionais e até fazem relações sexuais virtuais.
Escondidos pelo anonimato, homens e mulheres entregam-se a fantasia de encarnar um personagem esteriotipado, muitas vezes, completamente diferente de sua personalidade na vida real. Fora da realidade, pode-se experimentar de tudo inclusive, se passar por alguém de sexo oposto, dizer que é loiro de olhos azuis, mesmo sendo moreno de olhos pretos, falar que é alto tendo na verdade 1,50m. Uma identidade falsa e a garantia de não ter compromisso com o parceiro on line são grandes atrativos do sexo virtual, além de ser mais fácil de se conseguir um "contato mais íntimo".
Nos chats há salas especialmente voltadas para o tema com públicos variados: GLBT, pegação, sexo casual, Sadomasoquismo, voyerismo e por aí vai. Até nas salas destinadas a amizade, por exemplo, você encontra alguém ‘chamado’ Gato manhoso, Taradinha ou 23cm na cam. Apelidos sugestivos são usados pelos internautas como chamariz na busca por relações à distância.
Se a conversa for agradável, o casal dá continuidade à relação, caso o vocabulário seja fraco, segundo os adeptos, é só escolher outra pessoa e soltar o verbo, afinal toda a excitação sem contato físico vai ser gerada nos pensamentos da pessoa, quem quer experimentar, vai munido de muita imaginação.
Quando é apenas um exercício das fantasias sexuais, não há problema. Passa a existir uma situação mais delicada quando a pessoa se isola socialmente, e restringe suas relações apenas à internet.
Na adolescência isso é muito comum, pois é uma fase de profundas mudanças e como alguns jovens possuem baixa auto-estima e um elevado grau de timidez, alguns exageram no contato virtual e passam a trocar relacionamentos sociais saudáveis por um personagem fictício de jogos eróticos ou uma conversa em um chat, por não acreditarem na sua capacidade na hora da conquista. Não são raros os casos de pessoas que se isolam para dedicar-se ao mundo virtual.
É preciso ter discernimento de tudo o que se faz e não viver em função disso, até porque, se a incapacidade de se envolver com outras pessoas sem ser pelo computador não for tratada no início, pode evoluir para a vida adulta causando um empecilho para o indivíduo fazer coisas simples como trabalhar, estudar e namorar.
As armadilhas da rede
Há pessoas que buscam algo totalmente casual, outras querem fazer contato e se o parceiro for agradável, podem passar do virtual para o real, mas com o mesmo objetivo: sexo. Há pessoas que após manter um contato de meses marcam encontros e chegado o momento de conhecer, a verdade não é nada daquilo que elas esperavam. Há muitos casos de encontros marcados pela internet com perspectivas de namoro, amizade ou trabalho, mas na realidade do outro lado estavam assaltantes, pedófilos entre outros. O criminoso joga a isca, prometendo tudo o que a vítima gostaria de ouvir, mas que ele, na verdade, jamais cumprirá.
Existe um filme de Bill L. Norton que trata bem deste assunto Every Mother’s Worst Fear (ou no Brasil, “Vitimas da internet”) onde é retratada a situação de uma menina seduzida por um homem que conheceu pelo computador e é raptada por uma quadrilha de tráfico de garotas para a prostituição. Alguém pode dizer que é exagero, porém essa prática é mais comum do que se imagina. E como nosso blog recebe a visita de pessoas de todas as idades, inclusive adolescentes, é praticamente, um alerta de utilidade pública. Ao fazer contato com algum desconhecido, independente do assunto, evite fornecer informações pessoais.
Garota Pendurada! EntrevistaConversamos com o internauta Giácomo* que já praticou sexo virtual e conta a sua experiência, que você, leitor, acompanha agora:
Garota Pendurada! : O que te levou a fazer sexo virtual?Giácomo: “Não seria bem o que me levou a fazer sexo virtual, não planejava fazer sexo virtual... queria conhecer pessoas "descartáveis", bater papo. Comecei entrando na sala Amigos, depois Paquera e foi indo. Aí me bateu a curiosidade de entrar na sala Sexo. Comecei trocando idéia e foi.”
GP! : Você se lembra de como foi a sua primeira experiência deste tipo, foi algo realmente prazeroso?
G: “Nem me lembro bem como foi o primeiro contato, mas lembro de ter sido bem gradual.”
GP! : Você faz sexo virtual com freqüência?
G: “Nunca mais fiz, não me atrai mais.”
GP! : Por que?
G: “Fiquei sem contato com essa prática... é como um hábito... se você fica sem praticar vai pensando melhor se vale a pena ou não.”
GP! : Qual era a sua fantasia mais assídua no bate papo? Chegou a realizar alguma na vida real?
G: “Era coisa mais rotineira, pelo menos pra mim, falava de coisas "normais", pegada, sexo oral, vaginal, anal, ejacular no rosto, mas eu não tomava as rédeas da situação. era uma coisa que rolava. Ia batendo a química e rolando os assuntos.”
GP! : Teve algum assunto que você achou bizarro e o fez parar a conversa?
G: “Assunto bizarro não, mas teve uma vez que a pessoa que teclava me fez perder a vontade de continuar o assunto. A pessoa já chegou com o papo: "coloque o seu polegar na cabeça do seu pau" eu simplesmente sai do papo. Não era aquilo que fazia. Eu não fazia sexo virtual para me masturbar, fazia para por a imaginação para funcionar... e como funciona.”
GP! : Você possuía parceiras fixas nas relações on line?
G: “Algumas já entravam me procurando, porque nos dávamos bem conversando. Eu gostava de teclar mais de uma vez com uma pessoa que havia me dado bem.”
GP! : Encontrou alguma pessoa que conheceu em chat pessoalmente?
G: “Não. Meus contatos não rompiam a barreira virtual.”
GP! : Por não ter oportunidade ou realmente queria ficar só no virtual?
G: “Acho que um pouco de cada coisa.”
GP! : Na internet algumas pessoas usam o anonimato para criar personagens ou se descrever de forma, até mesmo, exagerada. Você já mentiu sobre suas características ou se passou por alguém do sexo oposto?
G: “Sempre falei a verdade a meu respeito, a única coisa que escondi foi o meu nome.
GP! : Alguma transa pela internet chegou a ser tão (ou mais) prazerosa que na vida real?
G: “Não.”
GP! : Você acha que alguém que pratica o cyber sexo, tendo namorado ou sendo casado está traindo o companheiro? Por quê?
G: “Isso é muito relativo, depende do tipo de relação de cada um. Hoje em dia, eu não faria sexo virtual com ninguém além de minha parceira, pois o meu tipo de relacionamento com ela é completo. Agora se os dois entram em acordo de que podem fazer... isso vai de cada casal.”
GP! : Você concordaria de sua parceira fazer sexo virtual com outra pessoa e acha que ela se importaria que você fizesse?
G: “Não concordaria e acho que ela se importa sim.”
GP! : Fora a realização de fantasias, acha que o sexo pelo computador tem algo a acrescentar, no sentido de desenvolver o potencial sexual de alguém? Na vida real você se tornou mais criativo na cama após essas conversas picantes?
G: “Para mim não mudou em nada, pois sempre procurei me superar para realizar a minha parceira, tanto na vida real quanto na virtual.”
*Para preservar a identidade do entrevistado o nome foi alterado.
Agradecimentos:
Ao entrevistado Giácomo
http://cineminha.uol.com.br/
.
.
.